sexta-feira, 7 de agosto de 2009


                                                              Kurt Halsey                                                      

Minha vida infelizmente foi sendo abandonada. Foi simplesmente como a taça do vinho que torna-se inutilizável após o término da bebida.

É como se ela fosse sendo decomposta aos poucos pelas vidas rotineiras que a rodeiam. E se você me pergunta como?, dou meu sorriso amarelo para disfarçar  a própria frustração com  a perda do controle. Mas por favor, não seja tão inconveniente! Embora eu saiba que é sempre bom ver pessoas em situações desconfortadoras. 

A questão é que para deixar de lado todos esse problemas fúteis que tanto me incomodam, acabei por esquartejar-me em pequenos pontos reduzidos em contos. Não que sua matéria não seja de extrema importância e beleza, mas na verdade, às vezes me deixa um pouco vazia o fato de não preencher a minha vida. 

As vidas que são alheias geralmente não têm muita importância, exceto para quem a exerce. Infelizmente essa é a minha realidade. Engraçado quando ainda era um sonho, pensava incessantemente se poderia vir a tornar-se realidade. E hoje, apenas descarrego  essas palavras vazias que é o pouco que me resta de um humilde constrangimento. Choro. Muitas vezes choro pensando nas vidas alheias.. e isso é o que me dá força para me recuperar, levantar para prová-las que são tão insignificantes quanto a minha!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Martírio


Todos os dias quando eu olho para o relógio e depois da minha decepção com esse tempo inacessível que não passa, vem outra frustração...

Qual a grande funcionalidade de um relógio? eu não tenho hora, nenhuma hora marcada com nada nem ninguém... não tenho nenhum lugar pra ir, com quem ir e muito menos o porquê de ir...

A verdade é, que por mais que eu me orgulhe dessa minha vida, tem horas que cansa viver consigo mesmo e com Deus...

Quando eu olho para o relógio e não vejo nada além de pontos, a vontade que me preenche é de jogar aquela porra imunda pela janela.. 

E não me venha dizer que é questão de não querer... pois todos os dias quando eu olho para a merda cronológica do relógio, não esqueço de me fazer lembrar do exercício do possível Deus.. e assim sendo, pego meus pés cansados do peso das palavras e das confusão latentes da minha mente e peço para que ele tenha piedade desse ser...mas acabo por acreditar que no meu caso apenas piedade já não basta...Peço para que ele tenha compaixão.. sim... Peço alguém para quem eu possa entregar esses pensamentos fundidos com minhas obras que já passaram de supostas poesias; eu peço alguém que seja capaz de estar do meu lado nos momentos em que me vier na cabeça o tema para o próximo conto e de quem eu possa ler as histórias facúndias e avassaladoras.. Uma pessoa que saiba escutar, nem que seja o cantar do passarinho e não goste de carne; que me ligue nas horas vazias e me esqueça nas já preenchidas. Assim como a semana que me corrompe com o andar de lesma agonizante e enriquecedora. Sendo isto, eu só queria alguém pra passar o domingo, pra sentar na pedra da praia pra cada um ler o seu livro, e depois o momento mais fascinante: a hora da despedida. Onde sei que o momento ligeiro passou num pingo cristalino e dele tirarei as mais belas filosofias durante a semana... 

Eu acredito no tempo.. no tempo que nós levamos para nos refletir.. 

Não no tempo preenchido, mas no tempo vazio. O tempo que depende da matéria preciosa para tornar-se realidade, que não se tornará nada novo, permanecerá sempre sendo tempo!