sábado, 22 de janeiro de 2011

                 Coisa linda é você

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

No caminhar

Os dois andando apressadamente. Sabiam que aquilo ñ fazia mais sentido, mas o que podiam fazer?
Tanto faz o que fora deixado, assim como o que estava por vir. A vida foi se repetindo incansavelmente desde que o mundo é mundo. Então tudo o que eles poderiam fazer seria apenas uma repetição de uma ideia prolongada.
Maneira difícil de ver o mundo. Seria a hora de fazer coisas novas?
Mas essas coisas novas eram tão novas, que para elas, neste mundo, não haveria aplicação.
E é aí que eles estavam. Andando apressadamente. Culpados pelas ideias novas e atormentados pelas ideias repetidas.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

- Sim sim, eu gosto de você, menina. E quantas vezes mais eu tenho que te dizer isso? 
Ele resmungava todas as vezes que ela o confundia as ideias.

- Mas num é apenas mais fácil nós ficarmos bem? Um perto do outro, sem brigas ou indiferença? Por que você teima em fazer isso comigo? - e escondia o rosto entre as mãos, já contendo o choro.

Parecia então que toda vez que ele tentava demonstrar o seu afeto, era calado pelo gritos histéricos daquela menina. Confuso, procurava entender o que fazia de tão errado. A menina apenas não gostava por não gostar? Seria isso possível? Sem dar ao menos uma chance de aproximação? ah, como a vida é cruel.

- Ainda bem que você chegou, eu já estava louco de saudade, quer brincar? 
Não! ela nunca queria brincar, talvez já tivesse passado dessa fase, mas ora, nunca é tarde para brincar. Não é isso o que todos dizem?

 Quando as visitas chegavam ele apenas observava aquela linda garota, sempre tão ativa, meiga e atenciosa. Ele apenas a observava.
 Pensou diversas vezes em desistir. Mas desistir de seu único objetivo de vida tornava-se o mesmo que morrer.
 Recolheu-se durante dias em sua casinha, o esconderijo. Estava então decidido: antes morrer de amor do que sentir a eternidade se arrastar com o gosto azedo que se torna a vida.
 Sem cerimônias, se jogaria da escada e pronto. Nada melhor que ter eternamente a visão do topo.
 Durante dias, ensaiou subir as escadas. As pernas fraquejavam e os ouvidos pareciam ouvir alguma voz feminina chamando pelo seu nome, nada. O tempo passou, e como o azedume da vida já começava a se materializar, sentiu que a tão esperada hora havia chegado.
 Subiu as escadas rapidamente, nervoso. Chegou ao topo. Então era ali que tudo terminava, era ali que a existência se eternizaria no amor não correspondido. Olhou algumas crianças que brincavam com uma bola de tênis na rua. Se ele pelo menos tivesse alguém para brincar.. talvez o amor não fosse tudo.
 E como se Deus ouvisse seu pedido, com um arremesso alto a pequena bola foi de encontro ao seu quintal.
 Desceu apressadamente as escadas, decidido a pelo menos acabar com aquela bola, para que mais alguém sentisse a imensa dor de ser sozinho.
 Pegou-a e guardou em um canto. E já que estava perto do quarto da menina, resolveu dar uma olhada. Que bela ela estava com aquela roupa de corrida.
 Voltou ao canto e resolveu acabar com a bola mesmo e no instante em que ele a pegou para estraçalhá-la escutou a voz da menina. 
 Ela que passava para ir correr. Viu o cachorro com aquela bolinha na boca e teve uma ideia. 
 - Você sabe brincar? 
 Ele sem entender nada, largou a bolinha pra se desculpar e desculpar e desculpa. Mas enquanto ele murmurava na sua limitação de animal ela pegou a bolinha e a jogou. 
 Por que ela fez isso? Eu posso ter nada? 
 Saiu correndo para pegar a bola e nisso pode escutar as gargalhadas dela. 
 - Isso, isso. Agora dá aqui a bolinha.
 Foi então que suas lembranças o levaram ao espírito de brincadeira entre humanos e cachorros. Entregou a o seu presente com extrema obediência na mão da menina.
 Ela por sua vez, sentiu o coração se encher de satisfação. Procurou a tão esquecida coleira e perguntou:
 - Quer ir ao parque?
 Sim, sim.. foi uma tarde memorável.